Artigos e opinião
Um olhar sobre a Educação Ambiental
Ao longo dos séculos, a humanidade descobriu, conheceu, dominou e modificou a natureza. Nesse sentido, o desenvolvimento social em seus aspectos econômico, político, cultural-educacional, além da complexa transformação humana, intensificou as mais diversas formas de produção e exploração, gerando efeitos irreversíveis à natureza. O comportamento dominador do ser humano o fez acreditar ser o “dono” da natureza e de que tudo que existe foi criado apenas para ele. Tais comportamentos geraram um sentimento de intolerância ao ponto de tornarem as inconformidades algo normal e neste sentido, as sociedades modernas não percebem as incoerências praticadas contra si mesmas e consequentemente contra a natureza. O consumismo exagerado tem sido uma das principais causas do agravamento da crise ecológica planetária.
A intensa devastação das florestas decorre da extração comercial de madeira, de projetos agropecuários e mineradores, da construção de usinas hidrelétricas e de incêndios de causas naturais e humanas. As consequências são extremamente negativas como a destruição das espécies vegetais e animais, muitas delas de extremo valor genético na utilização da medicina e da agropecuária. Os desmatamentos aceleram os processos erosivos, empobrecendo o solo, assoreando rios e lagos, causando enchentes e dificultando a navegação e agravando ainda mais os processos de desertificação natural, o aumento da temperatura média e o desequilíbrio entre as espécies.
A destruição desenfreada da natureza antecipa cada vez mais problemas tidos como futuro. A natureza já está enviando sua resposta, com as mudanças climáticas que são as manifestações de inconstância do clima, sendo ela de origem natural ou causada pela atividade humana. Tendo como principais elementos responsáveis por esse aumento de temperatura além do desmatamento, as intensas descargas de micropartículas na atmosfera, provenientes das descargas vulcânicas e das frotas de veículos e indústrias, afetando, sobretudo os grandes centros urbanos.
Segundo Dias (2003), a preocupação com a proteção da natureza vem se manifestando desde a Antiguidade. Contudo, a crise ambiental intensificou-se ao longo do século XX, o que começou por despertar uma consciência maior.
A relação entre meio ambiente e cidadania tem assumido um papel sistematizador na busca de atores comprometidos com novas posturas e práticas sociais visando à aquisição de uma melhor qualidade de vida dos indivíduos e da coletividade. Nesse sentido, a inserção da Educação Ambiental no ensino formal e informal representa uma possibilidade de orientar os indivíduos em um caminho que venha a transformar os paradigmas atualmente vigentes, podendo influenciar seu cotidiano.
Uma das medidas mais desafiantes para o enfrentamento do atual sistema é a estruturação de novos padrões de comportamento, atitudes e valores que venham a acompanhar as mudanças decorrentes do progresso cultural e político. Portanto, torna-se necessário que a população faça uso de seus direitos de cidadania e incorpore em seu cotidiano atitudes que manifestem a consciência ambiental e responsabilidade coletiva.
Com este intuito, a Educação Ambiental tem assumido cada vez mais uma função transformadora, na qual a corresponsabilização dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover um novo modelo de desenvolvimento, chamado por muitos de desenvolvimento sustentável.
Entende-se, portanto, que a Educação Ambiental constitui uma das condições necessárias para modificar o quadro de crescente degradação socioambiental, com ênfase em um modelo educacional que vise equacionar o relacionamento entre homem e natureza. Dessa forma, a inserção da Educação Ambiental no ensino formal e informal representa uma possibilidade de orientar os indivíduos em um caminho que venha a transformar os paradigmas atualmente vigentes, influenciando diretamente na qualidade de vida e cidadania (ZUQUIM; FONSECA; CORGOZINHO, 2010).
Assim sendo, a Educação Ambiental, nas suas diversas possibilidades, abre um estimulante espaço para repensar práticas sociais. A participação da comunidade nas estratégias para se resgatar o meio ambiente e aos valores éticos são fundamentais para fortalecer a cidadania e consequentemente a complexa interação entre sociedade e natureza.
Ana Cláudia de Faria Lima
Mestranda em Ecologia e Produção Sustentável, pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

