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Artigos e opinião

Quando a emoção vira dor

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Em grupos terapêuticos observamos, muitas vezes, o quanto as pessoas apresentam distúrbios psicossomáticos. O corpo grita por causa das emoções reprimidas e das angústias vivenciadas e não partilhadas. Grande parte das pessoas atendidas não têm consciência que estão somatizando e projetando no corpo e no trabalho, os problemas mal resolvidos. O Distúrbio de Ansiedade é o grande vilão que é porta de entrada para outras comorbidades.

Quando se tenta começar em terapia grupal, o primeiro mecanismo de defesa é a negação: “não preciso do grupo, não tenho nada, estou bem…” o segundo, e muito evidente, é a fuga. Inicia-se no grupo e logo desiste por não conseguir lidar com suas emoções. Com o apoio e a força de todos podemos incentivar a voltar ao grupo, e de forma bem tranquila, conseguimos chegar onde dói.

A emoção vira dor quando nos fechamos, guardando tudo o que estamos vivenciando, todas as dificuldades, dissabores, perdas… Se não forem tratadas, psicologicamente, as emoções, inevitavelmente a pessoa irá procurar médicos e medicações para suas dores, que poderiam ser evitadas no princípio, através de psicoterapias, focando suas dificuldades e minimizando os sintomas.

Verificamos, também, que há influência das informações provenientes do meio social e interpessoal, provocando alterações hormonais, tais alterações, se forem constantes, vão desestabilizar o corpo. No ambiente de trabalho, em situações de competição e cobranças excessivas, haverá grande liberação de hormônio, provocando assim, somatizações que geram dor.

A artrite reumatóide, a fibromialgia e o câncer se dão, porque o sistema imunológico está funcionando de modo hiperativo, pode não conseguir distinguir entre as células do corpo e as estranhas a ele. Desse modo, começa a atacar a si mesmo, dando origem aos distúrbios chamados de doenças auto-imunes (Solomon,1990). Muitas vezes essas doenças aparecem após uma situação estressante grave, como perdas ou mudança brusca na vida cotidiana.

Em grupo terapêutico, podemos intervir no controle do estresse, proporcionando às pessoas meios para confrontar suas emoções com técnicas e dinâmicas apropriadas, fortalecendo-as e devolvendo-lhes aumentos da auto-estima e, consequentemente, de sua imunidade.

A emoção vira dor quando geramos comportamentos inadequados e destrutivos, provocando a desestruturação egóica, onde nos tornamos frágeis e vulneráveis, e é aí que somos “bombardeados” por nós mesmos, ficamos enfraquecidos e as doenças aparecem como se estivesse pedindo socorro.

Se tivermos ajuda podemos externalizar os conteúdos inadequados e através da partilha de outras pessoas, podemos perceber que o “meu” problema não é maior que o do “outro”, sendo assim, se torna mais fácil a reconstrução, a melhora em todos os aspectos.

Os relacionamentos interpessoais no trabalho sempre deverão ser pontuados, para melhor convivência e melhor qualidade de vida. Acreditamos muito no que Jung denominou de Inconsciente coletivo, se ele for negativo, repercutirá como uma “espada’ em todos no trabalho. Se positivo, o local de trabalho será sincronizado, humanizado e excelente! Busquemos, então, o melhor para todos!

A depressão, que denominamos mal do século XXI está aí, querendo dominar. E só será dominado aquele que não tiver fé em Deus e em si mesmo. Quando uma pessoa se torna deprimida, parece que não consegue se manter de pé. Isso é sinal que não acredita em si. “Sacrificou sua independência pela promessa de desempenho dos outros. Investiu suas energias na tentativa de realizar este sonho – o sonho impossível. Sua depressão significa bancarrota e desilusão. Mas quando compreendida e desarticulada devidamente, a reação depressiva pode abrir o caminho para uma vida nova e melhor.” (Alexander Lowen,1989).

A superação da depressão se dá quando a pessoa se torna bem orientada e consegue entrar em contato com seus sentimentos e com seu “self” pessoal. Isso faz com que a pessoa reflita sobre os acontecimentos e consiga estabelecer um controle emocional e racional, onde terá maior habilidade social e sair da situação depressiva, começando então, novas vivências e experiências.

Na medicina psicossomática percebemos que o ser humano introjeta sentimentos negativos que faz ruir suas bases, e quando não são bem “digeridas”, somatizamos o que ficou de negativo. Câncer, gastrite, colites e uma infinidade de doenças são catalogadas como psicossomáticas, quer dizer: quem as fazem somos nós! Então devemos ter atitudes de reconciliação, de perdão, de libertação para não nos auto-destruirmos, e no grupo terapêutico podemos evitar esses males ou, ao menos, amenizá-los.

A pessoa que busca um grupo, chega com rancor, ódio, ressentimentos… O vazio existencial deixou de ser vazio e entraram esses sentimentos negativos,altamente vorazes e destrutivos. Outras chegam com sentimentos recalcados, fechamento, “encaramujada”… é realmente “cada um por si”…Quando se tem o respaldo de um grupo terapêutico, ele impulsionará as pessoas a saírem dessas situações conflitantes e estressantes.

Ser capaz de mudar a trajetória da vida com paz e serenidade é difícil, mas quando as dificuldades são compartilhadas, passam a ficar mais fáceis. Quando percebemos, também, que aqueles que estão à nossa volta passam por problemas e têm meios diferentes para enfrentar essas situações vivenciadas, há uma identificação e são feitas tentativas para minimizar esses fatores ansiogênicos, retirando as dores afetivas e emocionais.

Valquíria Cândido da Costa Oliveira, é psicóloga com especialização em Bioética, trabalha na Vila São Cottolengo e Clínica Mulher em Trindade-go.

 

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