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Artigos e opinião

Mesmo com toda sua estimável riqueza, o cerrado não se encontra na Constituição

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Região do Jalapão na porção leste do estado de Tocantins

Conhecido também como Savana, o segundo maior bioma brasileiro, perdendo apenas para a Amazônia, ocupa uma área de 2045.064 km², abrangendo estados do Brasil central.
Cortado por três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul, tem índices de pluviométricos regulares que lhe proporcionam sua grande biodiversidade. A temperatura média anual é de 25°c, podendo chegar até 40°c na primavera, com altitude entre 600 a 2.000 metros. O relevo é acidentado e o solo ácido e pobre em nutrientes. Apresenta as mais diversas formas de vegetação, com quase 13 mil espécies de plantas que não são exploradas. Além disso, tem importância no sequestro do carbono.
São conhecidas até o momento mais de 1500 espécies de animais que devido à ação do homem, encontram-se ameaçadas de extinção. Dentre as que correm risco de desaparecer estão o tamanduá-bandeira, o lobo-guará, o falcão de peito vermelho, o tatu-bola, a onça-pintada e a lontra.

De acordo com o IBGE, de 1991, o cerrado tem uma separação de acordo com a estrutura da vegetação. E mesmo com toda sua importância biológica e econômica, representando 3% da biodiversidade do planeta, o cerrado não está na constituição. Somente a Amazônia, a Mata Atlântica e o Pantanal são considerados patrimônios nacionais. Há 14 anos existe uma proposta na emenda constitucional pedindo este reconhecimento, com o objetivo de criar uma legislação específica, mas até o momento nada foi feito.
O Brasil é um dos maiores produtores primários do mundo, se associasse esta produção com sustentabilidade, se tornaria o melhor produtor. Entretanto, temos o hábito de não explorar nossas riquezas nativas, almejamos o que vem de fora, como se tivesse maior valor. Exemplos relacionados a isso estão na pecuária baseada em gramíneas africanas para pastagem, na silvicultura baseada em eucalipto australiano e no cultivo de grãos como a soja que vem da Ásia.  Nos últimos 30 anos desenvolvemos bastante, mas somente quando fizermos uma associação entre qualidade e sustentabilidade evoluiremos de verdade.
Algumas iniciativas de conservação por parte do governo estadual, como o de Goiás, estão trabalhando para a criação de áreas protegidas e ampliação e consolidação da rede existente de unidades de conservação do cerrado, com objetivo de se estabelecer corredores ecológicos.
Em 02 de setembro de 2010, o Banco Mundial, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), os Governos de Goiás e de Tocantins e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) assinaram um acordo para a doação de US$ 13 milhões do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês) para a Iniciativa Cerrado Sustentável.
A Iniciativa Cerrado Sustentável apóia quatro projetos coordenados de conservação e uso sustentável da biodiversidade:

  • Projeto de Monitoramento do Bioma e de Políticas Públicas do Cerrado, do Ministério do Meio Ambiente (US$ 4 milhões);
  • Projeto Cerrado Sustentável do Tocantins, com o estado do Tocantins (US$ 3 milhões);
  • Projeto Cerrado Sustentável de Goiás, com o estado de Goiás (US$ 3 milhões);
  • Projeto de Proteção da Biodiversidade do Cerrado do ICMBio – (US$ 3 milhões).

Se essas medidas realmente saírem do papel, todos os esforços que estão sendo feitos para a preservação do Cerrado no Brasil e o conhecimento adquirido, também serão muito úteis para o mundo e principalmente para os países africanos, onde também existem savanas.

Adaptação: Marina Oliveira Franco
Fonte: Globo Ecologia

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