Cidades
Vereador de Firminópolis confessa atropelamento que levou à morte um idoso e culpa a família pela tragédia
O vereador por Firminópolis, Rafael Barbosa, mais conhecido por “Rafael Modas”, envolveu-se em um acidente que acabou tendo como vítima o idoso José Alves dos Santos, 74 anos. O fato aconteceu na noite do dia 11 de março, no centro da cidade, quando o vereador voltava de uma festa na cidade vizinha de São Luís de Montes Belos.
Acompanhado de um casal de amigos, o vereador confessou que passou com seu carro sobre o corpo do idoso deixando-o bastante ferido. Em seguida, Rafael e os amigos levaram o idoso para o Hospital Santa Gemma, onde o mesmo foi atendido, porém, momentos depois veio à óbito por não resistir aos ferimentos.
Sob o comando do delegado Tiago Junqueira, uma reconstituição do caso foi realizada no início da noite de sexta-feira, dia 16. De acordo com o delegado, a vítima estaria deitada no asfalto e o vereador passou sobre o corpo da mesma com a roda dianteira do veículo. “Quando o condutor percebeu o que havia ocorrido ele parou o carro e com a ajuda do casal de amigos pegou o macaco, levantou o veículo e retirou o corpo da vítima. Em seguida eles levaram o idoso para o hospital”, conta Junqueira.
Ainda, segundo o delegado, durante a reconstituição, o vereador colaborou com a Polícia Civil contando em detalhes de tudo que aconteceu.
Após ser comunicado sobre a forma que a vítima deu entrada no hospital, o delegado acionou o Instituto Médico Legal (IML) e imediatamente deu início às investigações. Tiago Junqueira ressalta que o vereador somente procurou a delegacia na tarde do dia seguinte, confessando ser ele o autor do atropelamento.
Esta reportagem falou com uma filha da vítima sobre o caso. Elisângela Alves conta que a família está sofrendo muito com a morte do pai. Principalmente sua mãe, que também participou da reconstituição. Segundo ela, foi um momento de muita dor para sua mãe ter que ver como tudo aconteceu.
Elisângela frisa que naquela noite seu pai, ao lado de sua mãe, estava em um velório. “Minha mãe veio embora antes enquanto meu pai ficou para trás”, disse. Momentos depois a família ficou sabendo que o senhor José Alves dos Santos havia sido vítima de um atropelamento.
Elisângela conta ainda que a dor da família foi acrescentada com o comportamento do autor do acidente. Segundo ela, o vereador Rafael Modas procurou a família com o objetivo de oferecer conforto, porém, em momento algum ele disse que foi ele o autor do atropelamento. “Nós ficamos sabendo que foi ele pela Polícia Civil. Nem no hospital ele contou para o médico que meu pai havia sido atropelado. Isso poderia ter contribuído para que ele não morresse. Poderia ter sido transferido para São Luís bem antes”, conta.
A filha ressalta que ficou indignada com Rafael após ele enviar a ela, pelo celular de um amigo, uma mensagem onde ele estaria atribuindo à família a culpa do fato ocorrido e querendo que a mesma pedisse perdão a ele. Elisângela encaminhou a esta reportagem a referida mensagem. Confira as partes a que se refere a filha.
“Hoje quando cheguei em casa e vi Marcelo chorando lembrando da sua mãe falando que ele tirou um pedaço dela, eu fiquei muito triste, pois não acho justo nos culpar por tirar ele de vocês, até agora ninguém da sua família além de você foi solidário conosco, ninguém tá se importando com o nosso estado emocional, ninguém perguntou se tivemos algum tipo de dano, e acredite tivemos, não vi ninguém pedi perdão para nós pelo fato do seu pai beber e ficar no meio da rua aquela hora da madrugada”, disse Rafael.
Em outro trecho da mensagem, o vereador diz que dar socorro à vítima poderia ter sido o seu erro. “Se eu errei foi deixar a emoção do momento e a vontade de salvar a vida do seu pai falar mais alto, levando ele para o hospital para salvar a vida dele, então peço que entendam que não fomos nós que tiramos o José de vocês, ele já estava se distanciando de vocês há algum tempo pelo vício”, disse.
Elisângela reclama também que o vereador, até o momento, não teria procurado a família para dizer se vai ou não ajudar com as custas do velório. “Meu pai tinha um plano funerário, mas o velório teve outras despesas. Coisas caras”, destaca.
O Vereador Rafael Modas também falou com esta reportagem. Sobre o acidente ele afirma que no momento estava chovendo muito e que isso colaborou para que ele não tivesse visão do corpo da vítima na via que trafegava. Sobre a ajudar nas custas do velório, ele disse que está sim disposto a ajudar a família.
Sobre a mensagem onde ele atribui a culpa do fato à família, o vereador admiti que realmente enviou a mensagem, mas ele se mostra arrependido pelo gesto.
“Talvez eu falei isso em um momento errado e até mesmo não deveria ter falado, mais eu estou vivendo um dos piores dias da minha vida, nunca passei por isso e nunca nem imaginei passar, estou totalmente traumatizado, e aí da sofrendo tortura psicológica de acusações que não procedem. Se eu fosse um baderneiro, se eu bebesse bebidas com álcool, se eu tivesse feito algo de errado para causar um acidente, mais eu não vi, e quando vi o que tinha acontecido, fiquei desesperado e só pensei em levar ele para o hospital”, justifica Rafael.
Sobre não ter contado para o médico o que realmente havia acontecido, o vereador também justifica. “Desde quando cheguei no hospital eles sabiam que era um acidente de carro, e que ele tinha sido atropelado, o fato de eu estar bastante assustado com aquela situação eu não contei de imediato que não foi eu, mais no meu depoimento a delegacia eu contei toda a verdade dos fatos, e em momento algum menti para a Polícia Civil”, disse.
O delegado Tiago Junqueira disse ainda a esta reportagem que o inquérito não foi concluído ainda porque ele espera os laudos do Instituto Médico Legal – IML. Mas ele acredita que, diante dos fatos levantados pela investigação, o vereador deverá ser indiciado por homicídio culposo, quando não á a intenção de matar.
Pelo fato de ser um vereador o autor do acidente que pode ter tirado a vida de um idoso de 74 anos, o caso mexeu com a população. O fato é que são duas famílias atingidas. Principalmente a da vítima, que perdeu o seu patriarca. A família do vereador também fica abalada com a situação.
Por: Edivaldo do Jornal