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Política

Preocupação quanto a Construção de PCHs no Rio Caiapó

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O Rio Caiapó com seus 333 km de extensão pelo oeste goiano contando com diversas cachoeiras, é considerado como a menina dos olhos dos goianos. Cultivando um potencial hidrelétrico imensurável, o rio já abriga a PCH Mosquitão no município de Arenópolis, e já  há alguns anos viabiliza-se a construção de pelo menos mais 3 usinas. Uma no Rio Santo Antonio, outra na região do Rio Bonito, e uma terceira, em Montes Claros. A PCH Santo Antônio já está com licença autorizada e máquinas no local para iniciar a obra.
A PCH – Performance Centrais Hidrelétricas Ltda da família de Emival Caiado, mesma empresa construtora da PCH Mosquitão, é a detentora da autorização para a exploração do potencial da PCH Santo Antônio do Caiapó.
A PCH Santo Antônio do Caiapó terá 21 MW de capacidade instalada, e gerará 13,08 MW médios de Energia Assegurada. Serão produzidos 114.580 MWh/ano, em média, utilizando de dois conjuntos geradores com máquinas do tipo francis de eixo vertical fabricadas para 31 mts de queda, e 39 m³/s de vazão em cada unidade. A PCH conectar-se a ao sistema de transmissão da CELG, na tensão de 69 kV, através de uma linha com cerca de 33 km de extensão entre a central e a SE Iporá. A área inundada será de 659 hectares. Ela está situada na região Centro-Oeste do Estado de Goiás, em terras dos municípios de Ivolândia, Arenópolis e Palestina de Goiás, à 279 km de Goiânia.
Autorização e Licença Ambiental:
A empresa PCH – Performance Centrais Hidrelétricas Ltda. foi autorizada a estabelecer-se como produtor independente de Energia Elétrica, através da exploração do potencial hidráulico da PCH Santo Antônio do Caiapó, conforme Resolução nº 153, de 20 de Abril de 2004, concedida pela ANEEL. O Licenciamento Ambiental está sendo providenciado junto à Agência Ambiental de Goiás, e a audiência pública já foi realizada no Teatro Municipal de Caiapônia.
Quanto à região do Rio Bonito, pouco ou quase nada se tem conhecimento. Sabe-se que ela está autorizada para ser construída desde 2005. A região de Montes Claros vê a possibilidade de ter uma usina termoelétrica, aproveitando o bagaço da cana para gerar energia. Além destes, pelo menos mais 8 processos de pedidos de licenças ambientais  junto a Secretaria Estadual do Meio Ambiente para a construção de  PCHs, já foram solicitadas. Grande parte compreendendo empreendimentos no Rio Caiapó.
O empresário Sevan Naves, pertencente ao ramo, já disse em diversos meios de comunicação, sobre a dificuldade para conseguir a liberação das licenças e o lucro destas para a região. Mas em momento algum citou o impacto ambiental e social da construção de tantas PCHs ao longo do Rio Caiapó, que gerarão entre 15MW a 5 MW. Há que se analisar diversos fatores, notadamente no que diz respeito à diversidade biológica, principalmente para famílias residentes, face aos impactos, com a geração de tão pouca energia.
Não há dúvida de que precisamos de energia elétrica para desenvolver o País, mas será que a única solução desse problema é a construção de novas hidrelétricas? Que tal nos preocuparmos um pouco em cuidar das hidrelétricas já implantadas? O que está deixando os empreendedores tão alucinados, querendo construir hidrelétricas de qualquer jeito, em qualquer lugar, passando por cima das leis ambientais? Seria a linha especial de financiamento público (com juros subsidiados) do BNDES? Neste caso, não seria mais racional algum tipo de incentivo para estimular a conservação da natureza para, assim, prolongar a vida útil das represas e aumentar a capacidade de geração das hidrelétricas já instaladas? Chegou a hora de calcularmos o valor real dos serviços prestados por uma natureza preservada, condição única para produção de água em abundância e de qualidade.
Boa parte das represas das hidrelétricas em operação está com problemas gravíssimos de assoreamento. Existem rumores que a PCH Mosquitão é uma destas, causado pelo arraste de sedimentos em conseqüência da destruição da mata ciliar, esta rigorosamente protegida por lei. Contudo, devido à uma fiscalização deficiente, o problema tem atingido proporções preocupantes; desmatamentos também secam as nascentes (rebaixam o lençol freático) e provocam alterações climáticas, reduzindo drasticamente o volume de água nos rios; o aumento da poluição das águas (por sedimentos) também aumenta os custos de manutenção das turbinas, além da redução do tempo de vida útil. Então, não seria muito mais racional atacarmos estes problemas que são relativamente simples?
É importante ressaltar para a sociedade, que nem mesmo a belíssima cachoeira de 96 m do Salto de São Domingos em Piranhas, que tem um valor histórico para a população local, sendo a mais vistosa, o cartão postal da cidade, escapou das pequenas centrais hidrelétricas (PCH) que consistem em desviar a água das cachoeiras por uma tubulação, aproveitando o desnível natural do lugar. A PCH Piranhas gera 18MW e oferece grande perigo por conta dos projetos de construção de hidrelétrica que pipocam por todos os lugares.
Porque não buscar outras formas de desenvolver o potencial da região? Talvez o turismo? O incentivo à implantação de indústrias? O desenvolvimento da agricultura familiar? E tantas outras saídas. Faltam estudos para revelar em que Iporá poderia destacar-se. O que falta, é a boa vontade política e social para o desenvolvimento local sem a necessidade de degradar ainda mais as belezas naturais do oeste goiano.
Colaboração: Site: www.ecoterrabrasil.com.br. Texto: “Estamos perdendo nossas hidrelétricas e nosso patrimônio natural “-Germano Woehl Jr. Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade – Guaramirim, SC.

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