Prefeitura sabia das mortes por dengue em Iporá, mas optou por não divulgar

A Prefeitura de Iporá e a Secretaria Municipal de Saúde tinham conhecimento das mortes suspeitas por dengue no município, mas decidiram não tornar essas informações públicas. De acordo com informações da Secretaria Estadual de Saúde, os dois óbitos, noticiados pelo Diário do Interior, já haviam sido informados à Secretaria Municipal de Saúde, devido os protocolos oficiais para casos do tipo. Ainda assim, a gestão da prefeita Maysa Cunha optou por não divulgar os casos, que poderiam ter servido de alerta à população sobre a gravidade da situação e a necessidade de intensificar o combate à doença.

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As mortes ocorreram em 26 de fevereiro e 1º de março, mas só se tornaram de conhecimento público após a publicação das reportagens do Diário do Interior. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, as unidades médicas responsáveis pelo atendimento das vítimas precisam seguir os protocolos oficiais e informar os óbitos por dengue à Secretaria Municipal de Saúde em até 48 horas. Como uma das vítimas faleceu na Unidade de Pronto Atendimento de Iporá (UPA), a transmissão das informações pode ser feita praticamente em tempo real.

Prefeitura ignorou pedidos de esclarecimento
Mesmo dias após as duas mortes, a Prefeitura de Iporá não emitiu nenhum comunicado oficial sobre os casos. O Diário do Interior tentou contato diversas vezes para obter esclarecimentos, mas não obteve resposta ou confirmações sobre os óbitos.

Primeiro boletim epidemiológico não informa óbitos e casos graves
Diante da repercussão das mortes e da pressão da população e de setores da sociedade, a Prefeitura de Iporá divulgou, nesta quinta-feira (7), o primeiro boletim epidemiológico de 2025 sobre a dengue no município. Porém, a publicação, feita apenas nos stories do Instagram da prefeitura – e disponível por apenas 24 horas –, não menciona os óbitos, internações ou casos graves da doença. Além disso, o boletim não foi acompanhado de qualquer texto explicativo nem publicado no site oficial da prefeitura, dificultando o acesso da população a informações mais detalhadas.

Outras duas mortes seguem sob investigação
O último boletim da Secretaria Estadual de Saúde, divulgado em 20 de fevereiro – dias antes dos dois casos noticiados –, já apontava a investigação de outros dois óbitos por dengue em Iporá. O Diário do Interior solicitou informações à prefeitura sobre as vítimas, como idade e bairro de residência, mas também não obteve resposta.

Vítimas moravam em regiões distintas da cidade
Nossa reportagem identificou que as duas vítimas cujas mortes foram noticiadas residiam em bairros diferentes: uma no Centro e outra no Bairro Mato Grosso, áreas distantes entre si. Esse fato reforça a preocupação com a disseminação da doença em diferentes regiões do município.

Prefeitura segue sem se pronunciar sobre os óbitos
Apesar de divulgar um boletim nos stories do Instagram, a prefeitura ainda não se manifestou oficialmente sobre as mortes registradas na cidade. A Câmara Municipal e os vereadores da base da prefeita Maysa Cunha também permanecem em silêncio. Questionada por nossa reportagem se houve alguma assistência às famílias das vítimas, como vistorias em suas residências para eliminação de possíveis focos do mosquito Aedes aegypti, a administração municipal ainda não respondeu.