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Política

Prefeito de São Luís teria autorizado invasões de áreas públicas

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No final da tarde desta sexta-feira, 7, em cumprimento a decisão da juíza, Heloisa Silva de Matos, dois oficiais de justiça, acompanhados por policiais militares, foram em cada uma das cinco áreas públicas do município invadidas recentemente e deram 24 horas para que as centenas de famílias desocupassem os locais.

Revoltados com a decisão todos protestaram, mas acataram a ordem judicial e alguns preferiram não esperar às 24 horas e começaram a desmontar as barracas de imediato. Na área próxima ao Setor Belo Horizonte, um fato chamou a atenção: a informação sobre quem estava por trás da onda de invasões foi esclarecida.

Indignado com o resultado frustrante do movimento, um dos líderes do grupo, por nome de Marcelo, disse que o prefeito Sandoval da Matta, derrotado nas últimas eleições, havia autorizado ele a organizar a invasão. Marcelo relatou que naquele dia, sexta-feira, falou com o prefeito, por telefone, e numa conversa presenciada por várias pessoas (no viva-voz) e que ele reafirmou o seu apoio.

Marcelo declarou, ao lado dos companheiros, que o prefeito fez apenas uma ressalva: que a invasão era para acontecer no final do mês de dezembro, no dia 27 ou 28. De acordo com o líder, o prefeito frisou que a data seria véspera do final do mandato dele e por se tratar de um final de semana ninguém poderia fazer nada para retirá-los do local.

Segundo Marcelo, o prefeito ressaltou ainda que se a invasão fosse feita na data que ele estabeleceu o problema não seria mais dele. “Ele disse que a bomba ficaria com a mulher”, conta Marcelo, que ao lado de outros colegas disse estar disposto a relatar o caso ao Ministério Público. A “mulher” referida pelo prefeito deve ser a prefeita eleita, Mércia Tatico.

Naquele mesmo dia o prefeito Sandoval da Matta falou com uma emissora de rádio local e aconselhou às famílias a desocuparem as áreas pacificamente. Na ocasião ele tentou tranqüilizar o pessoal falando das casas que, segundo ele, serão construídas em uma das áreas invadidas.

Pelo fato de estar fora da cidade, o prefeito Sandoval da Matta não foi encontrado por esta reportagem para comentar as graves declarações dos sem teto, relacionadas a ele. O espaço fica aberto caso ele ou alguém da sua assessoria queira falar sobre o assunto.

Invasões
Em poucos dias cinco áreas públicas do município foram invadidas por centenas de pessoas que afirmavam não ter um teto para morar. No Setor Dona Quininha, ao lado da Escola Espaço Ativo, dezenas de pessoas ocuparam uma área da prefeitura e se instalaram no local. Esta é a segunda vez que a área é invadida. Na primeira vez o prefeito Sandoval da Matta, via justiça, desapropriou a todos.

A segunda invasão aconteceu nas proximidades do Setor Belo Horizonte. Cerca de 60 famílias fincaram barracas numa área que também pertence ao município. A terceira invasão foi deflagrada em seguida, horas depois. O Residencial Brisas, local que receberia as 450 casas populares anunciadas pela atual administração, foi tomado por centenas de pessoas.

A quarta invasão começou no início da manhã do dia 6 em outro terreno da prefeitura, ao lado do cemitério novo. Dezenas de pessoas ocuparam a área em questão de horas. A quinta invasão ocorreu no terreno doado pela prefeitura à empresa Coca-Cola, às margens da GO-164, o local foi ocupado por dezenas de pessoas.

A coincidência e a organização dos movimentos reforçam os boatos de que as invasões estão sendo orquestradas por pessoas ligadas ao poder público municipal. A sensação de segurança de algumas pessoas que trabalharam na campanha do prefeito é visível. Eles acreditavam e passavam a informação de o prefeito não teria interesse de retirá-los dos locais invadidos.
Em todas as áreas invadidas era nítida a presença e a participação de pessoas que trabalharam politicamente na campanha eleitoral passada. De ambos os lados. O que chama mais a atenção é que a maior parte das lideranças dos movimentos é formada por pessoas que trabalharam na campanha do prefeito Sandoval da Matta.

Também chama a atenção o fato de o lado social da situação, ser ofuscado pela participação, nas invasões, de pessoas que não precisam de casa para morar. São empresários, policiais militares, comerciantes, funcionários públicos municipais, que já têm imóveis, e inúmeras pessoas que estão nos movimentos somente para obterem algum tipo de vantagem.

No Residencial Brisas, lotes chegaram a ser comercializados por R$ 500,00 até R$ 1.000,00. No local era comum ver pessoas cuidando de 4, 6 até 8 lotes dizendo que estavam reservando-os para amigos e familiares. Sem contar que em todas as áreas também era clara a presença de veículos novos e semi-novos ao lado das barracas de lona montadas pelos invasores. As cenas davam a impressão de que as pessoas estavam no local passando férias em um acampamento.

No início, quando os movimentos começaram, a Polícia Militar, sob o comando do Capitão Vicente, bem que tentou impedir as invasões, mas não deu certo. Os sem-tetos acampados próximo ao Belo Horizonte obedeceram o Capitão e aguardaram do lado de fora da área pública, mas em seguida, de acordo com um dos líderes do movimento, identificado por Marcelo, um ex-vereador teria levado até ele um recado do prefeito Sandoval da Matta dizendo que eles poderiam entrar na área até que ele retornasse de viagem, quando iria conversar com o grupo e encontrar uma solução para caso.

O secretário municipal de administração, Hugo Mendanha, quando procurado por esta reportagem disse que não sabia da situação. Ele negou a participação de pessoas ligadas à administração municipal por trás dos movimentos. “Vou tomar pé da situação ainda hoje (ontem dia 6)”, disse ele.

Os promotores de justiça, Pedro de Mello Florentino e Deusivone Campelo Soares, ficaram indignados com a situação e adotaram todas as providências para solucionar o problema. A Polícia Civil também esteve no caso. O delegado, Dr. Vicente Stábile, disse que acompanhou de perto as invasões. Quanto à participação de policiais nas invasões, o Capitão Vicente disse que já havia tomado as providências cabíveis.

Uma outra área do município por muito pouco não foi invadida também. Foi ventilada nos bastidores a invasão do Parque Ecológico. Não passou de especulação. A prefeita eleita, Mércia Tatico, não foi encontrada para comentar a situação. Ela estava de viagem e não se encontrava em São Luís na ocasião.

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