Política
Moradores esperam por água tratada há mais de 10 anos
Há cerca de 10 anos moradores da Vila Brasília(sentido estrada para Ivolândia) da cidade de Iporá, convivem com o descaso da gestão administrativa e de outros órgãos públicos. São inúmeras as deficiências, tais como ausência de asfalto, iluminação pública precária, falta de limpeza, de rede de esgoto, etc. Todavia, o que mais vem revoltando os moradores da Vila Brasília, é a ausência de água tratada.
São 48 moradores utilizando água de poços (cisternas) “altamente contaminada” destinada à preparação de alimentos, de ingestão, bem como para realizar as demais atividades diárias, conforme laudos realizados pela própria SANEAGO.
Outro fato que provoca indignação aos residentes, é que apenas a Igreja Assembléia, recém construída do bairro, possui água encanada. Afirme-se, que a linha de abastecimento da citada igreja, passa em frente às residências dos moradores que há anos vivem na dificuldade.
Depoimentos de moradores:
“Nós trazemos água de parentes nossos moradores em Diorama, porque temos medo do risco da água da cisterna”, esse foi o desabafo da aposentada de 65 anos, Oripa Afonso da Silva e de seu esposo o Sr. José Francisco da Silva de 70 anos, que mantém residência ao lado da igreja. Quanto a SANEAGO, disse ainda a moradora, “Eles alegam que aqui é invasão, mas pelo que eu saiba, invasores não tem escrituras de casas como nos temos, precisamos dos nossos direitos e estamos lutando pelos mesmos”.
Quem também não agüenta mais essa situação, é o Sr. Pedro José Barbosa (57), que há cerca de 30 anos mora no local e nunca se valeu de água, notadamente de qualidade, saindo de suas torneiras “Felizmente, a agente de saúde coloca regularmente remédio para tratamento da água de minha cisterna, se não…”.
Esta reportagem também conversou com a agente de saúde Soleir Souza Araújo Oliveira, e esta nos revelou que em determinadas épocas do ano, principalmente nesta, o mau cheiro se agrava, e a água fica com uma coloração escura, oleosa. Além de tais fatos, diversas cisternas chegar a secar. “É comum as pessoas daqui ficarem com problemas diversos por conta da péssima qualidade da água. São vômitos, coceiras, diarréia, e o único meio de nos manter, é buscando água em outros bairros” que, aliás, conforme verificado, não são distantes. Portanto, não se justifica a empresa deixar de atender as necessidades básicas dos cidadãos.
10 anos sem avanços:
A primeira denúncia foi feita pela agente de saúde local, Soleir Oliveira, ao chefe do escritório da SANEAGO, Lázaro Cunha. No entanto, passados 10 anos, nada foi feito. A segunda denúncia foi registrada no anos de 2007 junto ao Ministério Público, mas somente este ano que a questão passou a ser encarada com a devida seriedade.
No dia 4 de Agosto, o líder comunitário João Batista e outros, reuniram-se com o chefe da SANEAGO, Lázaro Cunha, na presença do promotor Thiago Galindo para definir ações que sanariam de vez as necessidades dos moradores no que diz respeito a água.
Na ocasião, ficou estabelecido que no prazo de 30 dias o Presidente João Batista, relataria ao MP os problemas específicos de cada residência. Contudo, segundo João Batista, tais relatos serão encaminhados ainda essa semana, uma vez que assim não o fizera anteriormente. Com os dados em mãos, o MP repassará as informações colhidas à SANEAGO, que em seguida será responsável para vistoriar e analisar novamente a água, e indicar sugestões para o fornecimento da mesma. A SANEAGO terá o prazo de 90 dias para assim proceder. Depois do laudo, o MP agendará uma audiência pública.
Se de tudo nada for definido, o ajuizamento de ação civil face aos órgãos competentes, e em última instância, a proposição de uma ação judicial, serão necessários para que o cidadão posse desfrutrar de um mínimo de dignidade para a sua sobrevivência. Soleir acredita que a decisão de refazer o laudo da água, é mera perda de tempo, “a análise já foi feita e está inclusive no processo comprovando a falta de condições”, disse ele.
Afinal, será que nossos governantes desconhecem as normas constitucionais?
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