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Goiás

Marconi Perillo já processou mais de 15 jornalistas

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O ano mal começou e o governador Marconi Perillo está processando mais um jornalista. A lista indica nove profissionais guindados ao banco dos réus, nos últimos 17 meses. Aliás, das 30 ações que tratam sobre supostas ofensa à honra do ocupante da principal cadeira do Palácio Pedro Ludovico, 16 são contra jornalistas, tuiteiros, blogueiros, site e órgãos de comunicação.

A maioria dos processos, num total de 14, foram formalizados à Justiça à época da CPMI do Cachoeira, promovida pelo Congresso Nacional, em 2012. Na mira do legalismo estão reportagens e artigos críticos à gestão de Perillo e às suas relações com o contraventor Carlos Cachoeira. Entre as naturezas das ações estão indenização, interpelação, pedido de explicações e queixa-crime.

Apenas a interpelação judicial contra a jornalista Fabiane Pulcineli, repórter da Política de O Popular, foi arquivada. O governador Perillo se sentiu afrontado com dois artigos escritos pela profissional. A última incursão à Sala da Justiça aconteceu no início deste ano, ao protocolar ação contra a jornalista Lênia Soares, que mantém um blog no jornal digital Diário de Goiás.

De acordo com o criminalista Rogerio Leal todas as pessoas acusadas de atingir a honra de uma pessoa (calúnia, injúria e difamação) podem invocar o instituto da exceção da verdade, pela qual o acusado tem o direito de provar que suas afirmações são verdadeiras.

O professor da PUC/GO e Uni-Anhanguera ensina que o acusado pode solicitar a quebra de sigilos fiscal, telefônico, bancário, de mensagens e outros arquivos que julgar necessários a sua defesa.

Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Goiás, Cláudio Curado, os políticos em geral deveriam revelar uma maior tolerância ao escrutínio da mídia, principalmente em razão da função pública que exercem. “Homens públicos precisam prestar contas ao público, pois além dos votos que os consagraram, a população mantém a eles e aos seus projetos administrativos”.

Curado adianta que está à disposição dos jornalistas para entrar na questão, quer dando apoio jurídico, quer intermediando soluções políticas e comunicacionais. Isto por que antes de se chegar a ação, tem-se outros institutos que podem ser utilizados, como o pedido de retratação e o direito de resposta. “O sindicato vê com preocupação o excessivo número de ações patrocinadas pelo governador. Até, por que, cabe à imprensa, em um país livre e democrático, cobrar respostas e soluções”.

De modo generalizado, a psicologia avalia que personalidades com dificuldade para aceitar críticas pertencem a pessoas com baixa autoestima e dispostas a culpar o outro pelos percalços enfrentados em seu dia a dia. Uma personalidade anticrítica pode ser ou não inata à estrutura psicológica da pessoa.

No caso do governador Perillo, o presidente da 9ª Regional do Conselho de Psicologia, Wadson Arantes, analisa como uma reação ao momento de estresse político que vivencia. Para o psicólogo é uma maneira de se preservar, sendo assim não uma reação patológica, mas psicossocial.

“Na verdade é um momento de defesa dele (Marconi Perillo). São muitas coisas acontecendo no dia a dia, muitas críticas, e as pessoas tendem a se proteger do modo que lhe apresenta mais segurança. Todos em cargo público estão sujeitos às criticas. Cada indivíduo reage de uma forma. O limite de tolerância é muito variável, principalmente pelo momento em que ele está passando em nosso Estado. As respostas não parecem satisfazer às indagações. Isto gera muito estresse”.

Guardadas as devidas proporções, o govenador Henrique Santillo (1986/1991) esteve sobre fogo cruzado durante toda a sua gestão, principalmente por causa do acidente com o Césio 137 e o fechamento da Caixego. Mas foram nos dez últimos meses de sua administração, quando o então Ministro Iris Rezende Machado decidiu se candidatar a sua sucessão, mas dispensando a ajuda e presença de Santillo em sua campanha.

Machado era visceral em seus discursos e, ainda, contava com o auxílio da mídia, de onde eram postadas as mais duras críticas ao Palácio das Esmeraldas. Santillo costumava responder aos que lhe cobravam providências contra seus detratores que apenas a História poderia trazer luz aos fatos e sentenciava: “Não entro em briga de rua, tenho um Estado para administrar”.

por Thales Rodrigues

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