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Política

Marcha da Maconha é realizada em Goiânia

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Movimento em defesa da descriminalização da droga reúne cerca de dois mil jovens na região central de Goiânia

Cerca de duas mil pessoas participaram ontem da versão goiana da Marcha da Maconha. Após a liberação desta, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 15 de junho, manifestantes puderam exibir cartazes e gritar coros em carros de som, pedindo a descriminalização da droga. Composta majoritariamente por jovens, a Marcha saiu da Praça Universitária por volta das 18h e seguiu até a Praça Cívica. De acordo com os organizadores, a mobilização não contou com nenhuma eventualidade.
“Queremos despertar o debate na sociedade sobre a descriminalização da maconha e ainda ampliar a consciência conservadora das pessoas sobre o assunto. Além disso, pregamos a legalização, o comércio e o plantio em casa”, revela o estudante Pedro Guilherme Alfonso, 20, um dos organizadores da Marcha em Goiás.
Fernanda de Paula, 21, era uma das manifestantes e compartilha a mesma opinião de Pedro. Para ela, a maconha não é mais nociva à saúde do que o cigarro e o álcool, por exemplo. Além disso, destaca a desigualdade de tratamento aos usuários da droga: “Se a polícia pega um jovem de classe alta fumando maconha, o libera sem haver represálias, alegando que era apenas usuário. Já com alguém de classe baixa, há prisão e diretamente a associação deste com o tráfico de drogas.”
O estudante Milton Mirito, 24, ainda discute outra questão polêmica envolvendo a liberação da maconha: o suposto acesso que ela dá a outros tipos de drogas. “Quando o usuário vai atrás de um traficante adquirir maconha, ele acaba tendo acesso a drogas mais pesadas. Com a legalização isto acabaria, já que ele estaria livre para comprá-la.”
Ele ainda aponta benefícios que a droga pode trazer, caso seja permitido o uso: “A maconha não é utilizada apenas para diversão, ela também traz infinitos benefícios na área da saúde, como no tratamento de câncer e outras doenças, como pesquisas que envolvem a cura da AIDS. Enfim, é preciso quebrar a visão preconceituosa que se tem acerca da maconha”, salienta.

Outro lado

A manifestação gerou discussão e divide opiniões de especialistas. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Goiás, Henrique Tibúrcio, reconhece que o evento é um direito dos manifestantes: “Vivemos em um Estado democrático e a Marcha representa liberdade de expressão, o direito de manifestar opiniões e lutar por causas. Só não concordo com o uso de apologias e incentivos para o uso.”
Sobre a legalização da maconha, Tibúrcio afirma que posiciona-se de forma contrária à liberação de qualquer tipo de droga. “Hoje investe-se muito em medidas que visam proibir o uso das drogas e não se vê resultados. Seria melhor empregar esta verba em campanhas preventivas, mais eficientes e que discutam de forma profunda os malefícios das drogas para a saúde.”
O juiz da 4º Vara de Execuções Penais de Goiânia, Wilson Dias da Silva, concorda com o presidente na OAB sobre o direito de liberdade de expressão. Contudo, o magistrado revela que a rua não é o melhor lugar para se fazer este tipo de mobilização. “As pessoas deveriam discutir o assunto em outros forúns e não haver toda esta publicidade em locais públicos.  Poderiam discutir  âmbitos relevantes como a saúde pública, principalmente por tratar-se de um problema que aflige várias famílias.”
O delegado-geral da Polícia Civil, Edemundo Dias, respeita a Marcha da Maconha, mas diz ser contrário caso esta promova apologias e uso banalizado da maconha. Além disso, afirma que é  “absolutamente contra qualquer droga”. Segundo ele, o Brasil não está preparado para a liberalização de nenhuma droga.
“Em países como a Dinamarca, Holanda, a medida pode ter surtido efeitos positivos. Contudo, nosso País apresenta maior complexidade social, que compromete seriamente a todos. Aqui a droga é mercado, é vista como lucro. A situação torna-se ainda mais preocupante quando envolve menores.”
Ele reitera que uma pesquisa recente da Organização da Nações Unidas (ONU) revela que todas as famílias têm risco de ter dependentes químicos. Por esse motivo, Dias defende maior investimento na repressão e prevenção das drogas.
Para o médico psiquiatra Marcelo Caixeta, a Marcha é “um absurdo”. Segundo ele, a maconha é deletéria e traz infinitos malefícios aos usuários, além de servir de incentivo a outras drogas. “Movimentos como este representam um retrocesso na evolução. Como médico, lido com casos lamentáveis de vítimas que sofrem consequências da droga. Se soubessem realmente os riscos, as pessoas não fariam uma Marcha como esta.”
De acordo com o especialista, a manifestação une “uma juventude cooptada por programas esquerdistas, além de representar uma crise de originalidade”. Ele propõe uma visita dos mesmos jovens que promoveram este evento ao Pronto Socorro Psiquiátrico para verem de perto os males causados pela droga.
“Ao invés de fazerem esta palhaçada, estes manifestantes poderiam realizar uma Marcha da Saúde nos hospitais psiquiátricos. Desta forma, veriam as consequências negativas daquilo que defendem”, afirma Caixeta.

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