Goiás
Júnior Friboi pode sair candidato a governador pelo PMDB
Direção nacional e deputados federais e estaduais do PMDB abrem as portas do partido para o empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi, mas não garantem, antecipadamente, apoio ao seu projeto de disputar o governo do Estado nas eleições do ano que vem.
Responsável pela consolidação do grupo JBS, juntamente com os irmãos e pai, uma empresa de exportação de carne bovina, Júnior Friboi decidiu mergulhar fundo na atividade política, tendo como meta chegar ao Palácio das Esmeraldas.
Filiou-se ao pequeno PSB, mas exerce forte influência junto a prefeitos e vereadores de diversos partidos: PSDB, PMDB, PT, PP e tantos outros, já que ajudou, com recursos financeiros, campanhas eleitorais, ano passado, em mais de 100 municípios.
O governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos estimula a candidatura de Júnior Friboi ao governo, uma vez que precisará de palanque em Goiás para seu projeto de chegar ao Palácio do Planalto.
Júnior Friboi admite trocar o PSB pelo PMDB, mas com a condição de que seja candidato a governador e lidere toda a oposição na disputa direta contra o governador Marconi Perillo (PSDB), que caminha para postular a reeleição, ano que vem.
A estratégia do governadoriável é a de reunir, em um só palanque, o PMDB de Iris Rezende, o PT do trio Paulo Garcia/Antônio Gomide/Rubens Otoni, o PSC de Vanderlan Cardoso e o DEM de Ronaldo Caiado. Só que a chapa majoritária dispõe de apenas três vagas: governador, vice-governador e senador. Como abrigar todos os pretendentes a cargos majoritários da oposição?
Júnior Friboi tem uma tarefa a cumprir ainda neste debate sobre sucessão estadual: superar as divergências políticas com o deputado federal Ronaldo Caiado, surgidas a partir de áspero debate, em 2010, sobre financiamento de campanhas eleitorais. De lá para cá, estão estremecidas as relações do empresário com o líder do Democratas.
No pequeno PSB, o empresário não conseguiu ainda atrair sequer uma legenda para uma possível coligação para as eleições majoritárias de 2014. Isso o isola nas conversações internas da oposição, já que reduz o poder de força e de barganha na hora as negociações com as demais legendas.
COMO SOLDADO
Os deputados federais Pedro Chaves, Leandro Vilela e Sandro Mabel já manifestaram-se favoráveis à filiação do empresário ao PMDB. O mesmo ocorre com os deputados estaduais Bruno Peixoto, Samuel Belchior, Wagner Siqueira, Luis Carlos do Carmo e Daniel Vilela.
Os cardeais e parlamentares, no entanto, são taxativos: Júnior Friboi terá que filiar-se ao partido como “soldado e não como general”, sem garantia de que será o candidato a governador da legenda. “No PMDB, é preciso construir a candidatura, gradativamente, sem imposições”, ressalta o deputado Sandro Mabel. “Friboi será bem vindo ao PMDB”, exclama o também deputado federal Pedro Chaves, que vê no empresário um “ótimo nome” para a disputa com o PSDB marconista em 2014.
Esposa do ex-prefeito Iris Rezende, governadoriável do PMDB, a deputada federal Iris Araújo, mandou recado a Júnior Friboi, sem citar o nome do empresário, através de mensagem no Twitter, sábado: Caravana das Oposições será para isso mesmo. Pontos de vista divergentes, dentro de uma mesma proposta, sem imposições ou cifrões.”
Líder do PMDB na Assembleia Legislativa, deputado Bruno Peixoto, vê com satisfação a filiação de Júnior Friboi, pelo o que ele representa “como empresário e líder político.” E acrescenta: “Friboi, optando pelo PMDB, virá fortalecer ainda mais o nosso partido, pois a disputa pelo governo estadual competitiva e muito acirrada em 2014.”
Deputado estadual e presidente do PMDB goiano, Samuel Belchior, tem opinião semelhante: Friboi fortalece qualquer agremiação partidária. E ressalta: “A discussão sobre nomes para os cargos majoritários vai surgir a partir de janeiro e não se pode antecipar esta pauta, sob pena de dividirmos a oposição em Goiás.”
PRETERIDOS
Em 2010, o executivo Henrique Meirelles filiou-se ao PMDB, convicto de que receberia apoio para disputar a sucessão estadual, mas acabou preterido, já que o partido lançou a candidatura de Iris Rezende. Magoado, Meirelles deixou o partido e migrou para o PÇSD de Gilberto Kassab.
Em 2011, o empresário e ex-prefeito de Senador Canedo, Vanderlan Cardoso, que acabara de concorrer também ao governo estadual, filiou-se ao PMDB, sob promessas de que assumiria a presidência do Diretório Estadual e que seria lançado à sucessão estadual para o pleito de 2014. Depois de um ano de militância, Vanderlan viu as portas se fecharem aos seus projetos e abandonou o PMDB, também ressentido.
NOME NATURAL
PMDB tem um nome considerado como “candidato natural” ao Palácio das Esmeraldas, caso deseja sê-lo ou que tenha saúde suficiente para tal: Iris Rezende. Só que o ex-prefeito e ex-governador não se manifesta – nem se irá candidatar-se ou se prefere ficar fora da disputa sucessória.
Iris Rezende vê com “bons olhos” uma possível filiação de Júnior Friboi para o PMDB, mas comunga o mesmo pensamento de correligionários: não é hora para se discutir escolha de candidatos a governador, vice e senador e sim atuar pela unificação da oposição, numa futura disputa com o PSDB do governador Marconi Perillo.
Aliados mais próximos de Iris dizem que o ex-prefeito de Goiânia não está isolado do debate eleitoral. Ele apenas opta por olhar de longe os desencontros da oposição, para depois saber exatamente o que fazer – seguindo aquela cartilha que ele criou há mais de 50 anos.
A história mostra que todos aqueles que trombaram com Iris dentro do PMDB perderam – e feio.

