Ipasgo: a crise que não acaba

A crise sem precedentes que acomete o Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo) agravou-se ainda mais essa semana. Desde o dia 6, usuários do convênio deixaram de ser atendidos no Hospital da Criança em Goiânia – referência em pediatria no Estado – porque a unidade pediu o seu descredenciamento da rede . Médicos de outras cinco especialidades permanecem com as portas dos seus consultórios fechados para os usuários do instituto desde dezembro. É possível que nas próximas semanas haja um efeito dominó na situação, fazendo com que médicos de outras especialidades também deixem de atender pelo convênio, levando agonia a mais de 650 mil integrantes do convênio.

“Não se trata de causar alarde na população. Porém, médicos de diversas especialidades já não enxergam mais atrativos para continuar atendendo pelo Ipasgo”.
Os baixos valores pagos pelo Ipasgo pelos procedimentos e o atraso nos pagamentos são as principais causas do descontentamento e da suspensão, pelos profissionais, do atendimento pelo convênio. Segundo o diretor do Simego, o Ipasgo ainda utiliza a tabela da Associação Médica Brasileira (AMB) de 1992 para remunerar os profissionais pelos procedimentos realizados. A categoria cobra o uso da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), instituída em 2008, que traz valores mais atualizados.

No início do ano, o Ipasgo acumulava dívida de aproximadamente R$ 300 milhões com os prestadores de serviço. Há dois meses, um acordo firmado com as instituições de saúde resultou na assinatura de um acordo visando o parcelamento da dívida, que terminará de ser paga em 2012. Representantes dos hospitais e do Estado garantem que o acordo vem sendo cumprido e que os repasses mensais aos prestadores – de cerca de R$ 60 milhões – estão em dia. Os médicos que permanecem com o atendimento suspenso pelo Ipasgo não aceitaram a proposta do Estado.