Artigos e opinião
Diante dos momentos presentes…
Relendo pela décima vez, o ótimo: O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint- Exupéry, encontro: “Não tenho receio dos tigres, mas tenho horror das correntes de ar, Não terias por acaso um para-vento?”. Fico aqui em devaneios e pensamentos que podem parecer torpes e questiono a mim mesmo (redundantemente) quanto ao nosso receio de propor transformações significativas para a nossa gente a nossa cidade e o que esperamos que possa acontecer.
Instintivamente me volto a imaginar o quanto a nossa cidade precisa de mudanças importantes e estruturais no seu funcionamento nas atividades que são desenvolvidas aqui em todos os lados e nos preocupam as ações que muitas vezes acabam por descreditar o real estado de coisas que vivenciamos. Estamos cientes do passado de nossa cidade, sempre questionamos os atos políticos dos representantes de nossa cidade de dez anos, vinte anos ou trinta anos atrás, muito poderia ter sido feito, mas não houve meios para tais ocorrências, talvez por um ou outro motivo.
Embora seja professor de História e sempre ouvi dizer que “nós não vivemos de passado”, discordo muito desta afirmação, seja visto os efeitos de que atos do passado refletiriam e muito nas atitudes do presente e quiçá seriam vistos no futuro de todos nós, mas parece que esta máxima não passa por forma de pensamento daquilo que de bom ou mesmo daquilo que de ruim possa nos acontecer.
Deixemos, entretanto os devaneios pessoais e pensemos no agir, no promover de maneira certeira para a nossa cidade, uma transformação enorme no meio de vida daquilo que diz respeito às estruturas daqui, colaborando com atitudes simples, mas que são importantíssimas a todos. Questões como: o respeito às pessoas, e a seus mais caros direitos como saúde, alimentação, educação e junto disso, bem estar social que envolva a sua cultura, dentro de aspectos que denotem preocupação com o acesso ao cinema, ao teatro, à música, aos lazeres de todas as formas que possam ao menos caracterizar uma vida mais agradável a todos.
Contudo, não associamos um governo ao seu povo se este não consegue de maneira didática, verdadeira e clara, promover todas as coisas das quais citamos e muito mais se este não se comprouver com o seu povo, oferecendo condições de uma vida mais tranquila e de responsabilidade para todos, mostrando este que o exemplo arrasta multidões de pessoas dentro de uma capacidade de desenvolvimento sócio-econômico e cultural para o bem comum.
Embrenharmos em maquinações passadas de engabelar as pessoas com o famoso “Panis et circenses” do latim, Pão e circo, jamais aproximará a todos numa formação de qualidade para que a vida num contexto de entendimento do que desejamos seja realmente melhor, porém, esforços cotidianos por parte das camadas setoriais que detém o poder em suas mãos, aliadas às pessoas no geral, possam captar idéias de que, somente por meio do trabalho, da vontade férrea de crescer e de promover sentimentos reais de desenvolvimento, teremos eficazes condições de deixar de lado a pobreza que infelizmente ainda aflige muitas camadas sociais de nossa gente.
Deixar de evidenciar os sucessos que alguns planos realizados pelos governos nas instâncias: Federal e Estadual, seria mesmo querer tapar o sol com a peneira, sabemos dos benefícios que os programas realizados, surtiram efeitos positivos aos que se atém e que claro merecem participar de tais meios de sobrevivência por conta das razões óbvias como as carências reais da falta de trabalho e consequentemente se, se tem o trabalho, talvez não se tenha a necessária qualificação para este.
Contudo, as promoções ou programas de assistência às pessoas são importantíssimas, pois não se pode evidenciar um povo sadio e com forças para o trabalho se este mesmo povo não tiver o mínimo do que se alimentar para então, trabalhar, o que de fato preocupa é, se o próprio indivíduo se conscientiza das suas necessidades de desenvolvimento e se faz uso real das possibilidades que surgem para efetivamente dispor de vontade natural para o trabalho.
Não é este o foco de nossa fala, o que desejamos abordar aqui é outro aspecto que é mais preocupante, e que cerca daquilo que um comando que, vendo as maiores necessidades de seu povo, trata-o com tamanho despreparo e simplesmente, oferece-lhe divertimentos pueris e sem compromisso ao menos com o desenvolvimento intelectual ou de aprimoramento cultural e para não parecer despercebido por todos, oferece quimeras alimentícias em forma de bebidas, carnes, cestas… Acreditando com isto, engambelar a muitos e conquistar-lhes a sua simpatia.
Voltando à fala inicial de (O Pequeno Príncipe) – “Não tenho receio dos tigres…” Fico a imaginar que não há motivos para receios, não vivemos como no passado em que, outrora, cabeças eram decepadas por falarem ou desacreditarem desta ou daquela forma política, institucional, patriarcal ou o que mais puder significar um mandatário ou algo que especifique a tais pessoas, grupos e etc… Mas, igualmente será muito necessário e produtivo, ter “… Horror às correntes de ar…”. Porque os resultados de tantas “verdades” espalhadas aos quatro ventos querendo de tal forma, expor galhardias e superioridade e pensamentos de que o que se produzirá serão sempre em benefício das demais pessoas, muitas vezes, assemelha-se ao famoso termo: lobos em peles de ovelhas… E isto é realmente preocupante.
Diante dos momentos presentes, “tomemos tento” como sempre nos informaram os mais experientes do que nós presenteemo-nos com o equilíbrio, com o bom senso e com a racionalidade, esperemos mudanças significativas para a nossa gente, para a nossa cidade, para que tudo e todos possam sempre ter o melhor em se tratando de boa educação, boa saúde, boa segurança, bons trabalhos, bons companheiros e evidentemente, bons divertimentos, alegres, prazerosos, repletos de possibilidades de aprendizagem e de alegria sempre para todos nós.
Por fim, penso ser muito producente acreditar que mesmo tendo condições díspares de vida, de situações sejam estas, financeiras ou sociais, será sempre oportuno relembrar acontecimentos importantes na humanidade, desde os primórdios dos tempos quando o próprio homem via necessidade da conquista do seu alimento e de se abrigar do frio e de animais ferozes em cavernas, quando o mesmo homem começa produzir em larga escala o seu alimento à beira do fértil Nilo, as lutas territoriais promovidas em batalhas romanas, o conhecimento de novas possibilidades na média idade com os adventos do pensamento de homens brilhantes desejando transformações reais e estruturais para os povos, as conquistas intelectuais promovidas pelo brilhantismo de Kant, Voltaire, Rousseau, as célebres óperas, canções de um tempo que não voltam mais, porém que ficaram eternizadas pelos mecanismos elevadíssimos de desenvolvimento da idade moderna com a chegada do conhecimento e da construção de instrumentos que pudessem resguardar os sons do passado e posterga-los ao futuro do homem e por fim, a chegada à contemporaneidade dos tempos onde a compreensão do passado se faz efetiva para todas as pessoas.
Tudo isso caminha para a percepção da inteligência do ser, e estes caminhos com certeza mostrarão que, diante dos acontecimentos presentes, seremos sem dúvida alguma muito cuidadosos e perceptivos com a elevação da nossa moral e do respeito com a nossa gente, com o nosso modo de ser e agir, desejando igualmente a nossa cidade, bons motivos para termos superioridade de caráter e de amor.
Renato Cardoso Castro
Professor de História – Licenciado pela UEG/Iporá.