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Educação

Dados de 12 milhões de participantes do Enem vazam na internet

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Presidente do Inep Joaquim Soares Neto

A divulgação indevida dos dados de 12 milhões de participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), ocorreu por uma “fragilidade no sistema”, segundo o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Joaquim Soares Neto.

Segundo ele, o problema já foi corrigido e os dados já estão em sigilo. As informações estiveram disponíveis para todos os internautas em site mantido pelo Ministério da Educação (MEC)  por pelo menos três horas – entre as 14h e as 17h de terça-feira – . De acordo com a pasta, na página constavam apenas nome, RG, CPF, nome da mãe e número de matrícula dos candidatos.
Apesar disso, apurou-se que os dados do perfil socioeconômico e do desempenho dos inscritos para a prova também ficaram disponíveis. “Foi uma fragilidade no sistema de segurança, facultando aos internautas acesso aos links, mesmo sem ter a senha”, disse Soares Neto. De acordo com o presidente do instituto, seria impossível chegar a esses links sem acessar a área reservada, O problema já foi corrigido.
Segundo o Inep, “os dados eram colocados numa área reservada do site, com endereço específico, e liberados para as instituições de ensino superior que solicitassem para utilização nos seus processos seletivos”. Ainda, de acordo com o Inep, essas instituições “se comprometiam a não divulgar os dados e teriam acesso mediante usuário e senha”.
Neto afirmou que as responsabilidades estão sendo apuradas, e é “prematuro” dizer quais serão as consequências no caso de um vazamento. “O Inep está com uma estrutura bastante grande de segurança, estamos investindo muito nisso. (Esse problema) não afeta de forma alguma a credibilidade do Enem”, disse.

De novo…
No ano passado o Enem foi cancelado às vésperas da sua realização, vez que a prova havia sido roubada de dentro da gráfica que imprimia o material. Todo o esquema de aplicação da prova teve que ser remodelado. O exame foi aplicado dois meses depois com um índice recorde de abstenção. Na avaliação de Neto, essa nova falha no sistema não compromete a credibilidade do órgão, ou do próximo exame que será realizado em novembro.

Vazamento pode resultar em fraudes, afirma advogado

O vazamento de dados pessoais, como o ocorrido com os participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que tiveram informações disponibilizadas indevidamente no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), pode resultar em diferentes tipos de fraude. O advogado criminalista especializado em segurança de tecnologia, David Rechuslki, aponta que existe um mercado paralelo de compra desse tipo de informação.
“Muitas pessoas que têm o documento furtado têm problemas de crédito depois porque os dados foram utilizados para aquisição de telefones celulares, para abertura de crediário em lojas. Existe uma gama de possibilidades de utilização indevida desses dados por criminosos”, explica.
Segundo o advogado, as possibilidades de utilização dessas informações são amplas porque foram divulgadas em conjunto CPF, RG e nome completo. “Você tem uma conjunção de informações que, aglutinadas, passam a ter uma potencialidade maior ”, avalia.
O especialista recomenda aos candidatos que procurem a polícia caso sejam vítimas de algum tipo de crime em função do problema.“Qualquer pessoa que tome conhecimento que os dados dela foram utilizados para qualquer finalidade não autorizada deve imediatamente comunicar às autoridades policiais”, afirma.
Segundo Rechuslki, só cabe um pedido de indenização ao Estado se a vítima conseguir provar que as informações saíram do banco de dados do Inep, o que seria “dificílimo”. O advogado não acredita que a falha tenha sido provocada intencionalmente, mas por uma imperícia. Ainda assim, ele classifica o erro como “gravíssimo”. “Hoje em dia, com a internet, todos os órgão e instituições que são guardiões de informações privilegiadas como essas devem ter um critério de armazenamento.”

Alunos podem ser indenizados

O vice-presidente do sindicato de escolas particulares do Rio de Janeiro, Edgar Flexa Ribeiro, afirmou ontem que é cabível um pedido de indenização dos alunos ao MEC pelo fato de dados sigilosos terem ficado disponíveis no site do Inep, órgão do ministério responsável pela elaboração do Enem. As informações são da Agência Brasil.
“O Estado tem que indenizar essas pessoas. Ele te pede um dado, perde essa informação, e você ainda está pagando por isso. Isso é uma irresponsabilidade. O aluno é o maior prejudicado, pois o CPF pode ser usado em fraudes”, diz Ribeiro.
De acordo com Ribeiro, o sindicato de escolas do Rio já havia se queixado ao Inep quando, em 2007, o instituto passou a pedir, no Censo Escolar, informações de cada aluno da escola, como endereço e nome dos pais. O argumento era de que esses dados só deveriam ser fornecidos com autorização das famílias.

Ministro diz que fato é menos grave

O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, afirmou ontem que a divulgação dos dados sigilosos é “menos grave” do que o vazamento da prova ocorrido no ano passado. Segundo Barreto, o vazamento dos dados não compromete a lisura do exame. “O vazamento de dados pessoais que não deveriam estar sob domínio público é menos grave que evidentemente o vazamento de uma prova que compromete a própria lisura do certame”, afirmou. O ministro disse que, se o Ministério da Educação solicitar, a Polícia Federal pode investigar o caso. “Estamos à disposição. Se o Ministério da Educação julgar importante, podemos investigar, no momento adequado”, afirmou. Os líderes do PSDB na Câmara, deputados João Almeida (BA) e Gustavo Fruet (PR), apresentaram ontem ao Ministério Público Federal representação na qual pedem a investigação dos fatos.

Vazamento de informações

1 – Quem tem acesso ao sistema de dados do Enem?
O acesso é restrito a 231 instituições de ensino superior
2 – O que aconteceu?
Uma falha no sistema do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) fez com que as informações de cerca de 12 milhões de inscrições realizadas para a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos anos de 2007, 2008 e 2009 vazassem ontem na internet, expondo dados pessoais dos candidatos.
3 – Quais dados ficaram disponíveis?
O CPF, RG e nome da mãe dos candidatos puderam ser consultados livremente. Qualquer pessoa, de posse desses dados, também poderia ter acesso ao desempenho e ao perfil socioeconômico dos candidatos
4 – Por quanto tempo os dados ficaram disponíveis?
De acordo com o Inep, o problema de segurança teria durado três horas, das 14h às 17h de ontem.
5 – O que pode ter causado o problema?
O Inep investiga se alguma instituição que tinha a senha para entrar no sistema repassou o link adiante.

 

 

 

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