Acompanhe também as nossas redes sociais
00

Política

Alcides Rodrigues nega ter usado dinheiro do estado de forma ilícita

Publicado

em

Em silêncio desde que deixou o governo, em dezembro, Alcides Rodrigues (PP) julgou que chegou o “momento oportuno” de falar. A principal motivação foi a rejeição do balanço de 2010 por parte do Tribunal de Contas do Estado, fato inédito em Goiás. O pepista afirma que nunca houve tanta perseguição a um ex-governador e acusa o governo de querer desviar o foco para a “inoperância” da gestão. Antes de conceder a entrevista exclusiva ao POPULAR, na produtora Kanal Vídeo – de propriedade do ex-secretário Jorcelino Braga -, Alcides fez a barba e cortou o cabelo. Disse que, desde os tempos de estudante, fazia a barba todos os dias e que, como tirou “as primeiras férias” de sua vida, resolveu se livrar da obrigação. Na entrevista de uma hora, ele afirmou que não pretende disputar mais cargos eletivos. Veja os principais trechos.

O governo atual afirma que o sr. deu preferência ao pagamento de empreiteiras em vez do servidor.

Temos recursos carimbados que têm finalidade específica. Há fundos e recursos da Agetop e do Detran que têm de ser aplicados em obras rodoviárias. Esses recursos não poderiam ser direcionados para outra finalidade, como pagamento de pessoal. Nós cumprimos com a lei. Pagamos os empreiteiros, prestadores de serviços, até porque foi dito a eles que se alguém tivesse para receber do governo que estava findando, ia falir, porque não ia haver pagamento. Deixamos inclusive R$ 85 milhões para pagamento de obras rodoviárias no atual governo. Eu quero ver se então ele vai pegar esse recurso e pagar funcionário em vez de empreiteiras, se há finalidade específica. Em obras rodoviárias, fizemos mais que os dois governos que me antecederam. Em saneamento foi mais que o dobro de aplicações em obras. Fizemos muito, não fizemos foi propaganda.


Mas no ano passado, o Estado não conseguiu cumprir essas metas, o que compromete este ano o limite de endividamento.

Olha, eu avisei várias vezes ao setor produtivo, a todos os Poderes e à imprensa, da dificuldade que o Estado teria no futuro para cumprir suas obrigações caso não fosse resolvido o problema da Celg. A solução estava pronta, prontinha para o repasse dos recursos. Seria um negócio de mãe para filho. No entanto, tivemos ingerências para que não ocorresse. Para provar tenho em mãos documentos enviados pelo governador eleito ao governo federal e à Caixa dizendo que não iria cumprir caso a negociação ocorresse. Então por que o governo está tendo dificuldades? Porque antigamente fazia antecipação de receitas com a Celg. Agora é impossível porque a Celg não está dando conta nem de pagar aquilo que é devido ao Estado. Tivemos R$ 900 milhões a receber da Celg no nosso governo. Chegamos ao que seria a redenção do Estado. Seria excelente para o atual governo também, que receberia recursos. Pagaríamos as contas da Celg sem vender a estatal, sem vender as ações, sem ser federalizada. Era um patrimônio do Estado que ficaria assegurado. Eu avisei. Por que o governo hoje está sem rumo, sem norte, não sabe o que faz? É por culpa dele próprio. É porque, por vaidade pessoal, ele cometeu um crime de lesa-pátria com a não negociação da Celg. Essas são verdades, que precisam ser ditas, e não mentiras deslavadas para mudar a atenção dos goianos com relação à falta de rumo do governo.

Por que o sr. não disse isso, que havia previsão de recursos a serem depositados para a folha, quando deixou o governo?

Acho que não era o momento. Nós devemos respeitar o resultado das urnas. E não cabe a nós contestar a vontade da maioria. Me refiro aos 38% que votaram no atual governador. Ou seja, 62% dos eleitores não votaram nele. Mas mesmo assim, ele foi eleito e devemos respeitar. O meu silêncio neste período foi respeitoso. E eu esperava que ele entrasse e desse continuidade a tudo que fizemos. O que estamos vendo até o presente momento são inaugurações de obras do governo federal e do meu governo, que eu deixei e nem fiz questão de inaugurar.

O Tribunal de Contas do Estado aprovou parecer favorável à rejeição das contas de 2010. O que achou?

Eu sempre procurei ter relação respeitosa com todos os Poderes e instituições. Nunca procurei interferir e fazer pressão em qualquer órgão. Nunca procurei cercear a liberdade de imprensa. Nunca procurei perseguir jornalista. Sou um democrata. Pelo fato de não ter apoiado o governo que foi vitorioso, estou sendo alvo de todas as acusações. Estão procurando fazer um linchamento moral. Com relação ao que houve no TCE, eu gostaria de ter tido um tratamento igualitário com relação ao julgamento de outras contas públicas do Estado, principalmente do governo que me antecedeu. Mas eu não vou fazer nenhum comentário, até por respeito às instituições. Mas quero fazer das palavras do conselheiro Carlos Leopoldo Dayrell as minhas. Ele é concursado, dos quadros do tribunal, é uma pessoa de notório saber, é um catedrático, um professor respeitado no meio acadêmico.


O sr. se arrepende de algo em seu governo?

Não. Nada. Muitos me falaram: olha, você deveria ter aberto a boca quando assumiu, para mostrar tudo com números logo no início. Não fiz isso, não é a minha característica. Arregacei as mangas, não fiquei chorando, trabalhei, resolvi problemas e entreguei um governo com condições excelentes ao sucessor.

Como foi esse período de despedida do poder, qual sua rotina?

A despedida foi a mais natural possível. Eu sempre tive muito desprendimento e nunca fui apegado ao poder. Eu saí como entrei, de cabeça erguida, e com sentimento de dever cumprido. Saí, fui cuidar da minha vida, descansar, tirar férias. Eu nunca havia tirado férias na minha vida. Estou mais perto da família, da neta. Fico em Santa Helena e na fazenda, vou ao Pará também. Estou colhendo, tenho lavoura e tiro leite também. E a vida continua. Estou procurando trabalhar, sempre de cabeça erguida.

 

{jcomments on}

Continue lendo
Sugira uma pauta

As mais lidas da Semana

É expressamente proibido a utilização do conteúdo aqui publicado em mídias on-line ou impressas. Diário do Interior | Todos os direitos reservados.