Artigos e opinião
Agilidade versus educação: um mundo sem pontos nem vírgulas
Há alguns anos educar e ser educado era uma questão de honra assim esta palavra tão pequena se tornou a característica que edificara a personalidade de grandes gênios da ciência deste país. Cultivar hábitos como pedir benção agradecer uma oferta ou mesmo desejar saúde quando alguém próximo espirrava eram as primeiras lições que as famílias ensinavam aos seus integrantes.
A família ensinava com liberdade cumpria seu papel com especial atenção e não delegava a escola este papel que a principio era do lar e não de outros espaços. Era a formação nata comum mas que fazia diferença.
Se para as pessoas “comuns” a boa educação era uma qualidade fundamental aos comerciantes e mercadores tal adjetivo era crucial para que os negócios dessem certo e o sucesso fosse alcançado afinal de contas o “cliente sempre tinha a razão” e satisfazê-lo era uma obrigatoriedade para o lucro.
O moinho do tempo girou as concepções mudaram a evolução nos possuiu e infelizmente os “velhos hábitos” perderam a intensidade de ensino no seio familiar e sócio-educacional. Esquecemos de ensinar o simples e sequer dedicamos digno tempo para educar pela experiência e para a vida.
E assim as coisas petrificaram ficaram como estão. Hoje chegamos a uma loja e não somos sequer recepcionados de forma decente. Passamos de clientes a depósito de cobiçados de dinheiro. Vamos aos Bancos e somos recebidos por atendentes carrancudos cheios de afazeres mecanicamente estruturados e ali somos apenas mais um corpo que gera lucro.
O sorriso perdeu-se no ar deu lugar ao “No que posso ajudar?” e nada mais. As máquinas chegaram e no lugar de nos acostumarmos com elas nos tornamos uma.
Todos os dias somos bombardeados pela correria capitalista selvagem e que mesmo na paisagem interiorana nos enche de mau-humor obrigando muitas vezes a agirmos com deselegância e grosseria com o próximo. No entanto eis aí o desafio transpor as barreiras da contemporaneidade em busca dos bons hábitos de fino trato com o outro.
É neste cenário cinza em que as pessoas passam uma pelas outras como estranhos sem compromisso com a construção do bem estar social que as pequenas iniciativas vão surgindo para dissipar a má educação.
Na porta da Universidade Estadual de Goiás em Iporá uma senhora vendedora de bombons e sanduíches naturais conquistou os acadêmicos seja bela boa qualidade de seus produtos ou pela elegância que tem ao tratar os que por ali passam. Um boa noite um “querido” “Está tudo bem?” nada de extraordinário, ou que extrapole a realidade mas um resgate daquela gente simples e educada de outrora.
O mau humor em bancos principalmente em Iporá já não é mais novidade. Vez em quando ouvimos de correntistas algum descaso ou situação desagradável tendo as agências como palco. Emergido em tudo isso dois destaques positivos me chamaram a atenção recentemente. Pensa-se na figura do segurança como alguém revestido de seriedade com poucas palavras e semblante ríspido. Certo? Errado! Junto àquela nojenta porta eletrônica de acesso ao banco Itaú os guardas (masculino e feminino) modificam o cenário já conhecido. Sempre muito atentos às situações que necessitam de maior trato educados e extremamente competentes os dois minimizam um ambiente que a priori é estressante.
Iniciativas como as da senhora dos bombons e dos guardas do banco não mudam o mundo mas buscam melhorá-lo nas particularidades de cada um de nós. Não mudam a nação mas modificam o ambiente.
No século em que vivemos queremos ações grandes mas esquecemos que sem os pequenos gestos nada de grandioso pode ser feito. Não cultiva-se o pomar completo antes de cuidar minuciosamente das sementes.
Cultive-se os bons modos. Alimente-se o fino trato e mesmo numa era de agilidades estresse e correria possamos cultivar aliás reanimar os bons modos de uma educação que mesmo “velha” ainda é a que mais acerta na construção de uma sociedade melhor. Estamos ficando cada vez mais novos esquecendo das tradições e correndo com a vida com a gente mesmo.
Chega de correr com as palavras, é tempo de pausas, mesmo breve é preciso parar. P-A-R-A-R pra gente. P.A.R.A.R para bem tratar e ser tratado.
Parar.
Pra.
Gente. Mesmo.
Parar.
Pro. Outro.
Educar. Pra. Gente. E. Para. O. Outro.
Prof. José Humberto dos Anjos